Carta Para Allanna

 O tempo é incrível!

Quase não consigo entender

Como se cresce tão rápido…!

Você nasceu ontem e…

Lembra?

Eu dizia a você: “Não cresça!

Fique miudinha, que é melhor!”

Miudinha, eu podia guardar você…

Mas não dá pra segurar esse tal de tempo.

Agora você está grandinha

E eu, ficando velho…

- Eu vejo, nas nossas fotos,

Minha cara de menino

Enquanto você era bebê.

Agora vejo meus cabelos brancos…

Ainda consigo lhe dizer: “Não!”:

“Não faça isso!”;

“Não vá por aí!”

Como vou sentir falta disso…!

Quando você crescer mais um pouco

E começar a fazer tudo o que quiser.

Você ainda tem a ingenuidade nos olhos;

O medo de errar e ganhar bronca;

E fica apavorada com as minhas caras feias…

Ah! Se você soubesse quanto eu tenho medo!

De estar sendo cruel, no momento

Ou de estragar seu futuro, depois…

Se você soubesse que os meus gritos

São o meu desespero

Por não conseguir lhe ensinar

O que você precisa aprender…!

Você ainda tem a candura na voz

De uma criança recoberta de amor

E recheada de carinho.

Doce, como um bolinho gostoso!

Ah, meu amor!

Quantos sustos, quantos medos você tem!

Quantas incertezas, quantas dúvidas vai ter!

Como é difícil, para mim, não poder evitá-las!

Ah, teimosa!

Para que você quer crescer?

Essa vida de gente grande

Não é nada divertida…

Só de pensar, fico cansado.

E ver você assim, tão serena

- Mesmo irrequieta – Me acalma tanto…

Como é gostoso ouvir esse seu riso fácil!

Eu me rendo!

Vá! Cresça, criança!

Vá viver a vida!

Lembre de ser feliz!

Mas não tenha pressa!

Curta a vida dia a dia!

Por enquanto, seja apenas minha menina.

Rodrigo Dias

(in: "Poesias de Família")