Porcelana
Que mais vais me roubar?
Roubaste-me o coração e a poesia,
Fizeste cativo os meus sonhos
E me tiraste o direito ao ar puro.
Por que tanta doce tirania?
Acaso, sob o inefável doce
De cada beijo que me dás
Não sabes que me aprisionas sempre mais?
- Lança fora, peço-te
As chaves dessa cadeia;
Pois estar preso a ti
É tudo o que esperei dessa vida.
Escrevo, canto, louvo e poetizo
A ti somente, anjo belo,
Musa-mor
De todos os sonhos que a cada instante
tenho.
Que estás aqui.
E te sinto – ainda que em forma
Da mais cruel saudade - e te respiro
E me recluso a ti
Como um soldadinho de chumbo
À serviço de uma dama de porcelana.
Sim, de porcelana és:
Tão delicada, tão serena,
Tão linda...
Já não durmo!
Penso em ti e o sono se vai
-Nessa calma noite
Em que tudo o que eu queria
Era estar ao teu lado.
Ah! És assim, tão sem igual
Que as palavras, mesmo todas elas,
Não bastam para descrever-te
E o meu amor é tanto, tanto
Que mal cabe no meu coração;
Quanto mais sobre um papel.
Diga-me, senhora de mim,
Por que tive – e por que tenho -
Que te amar tanto
Se de tanto amor não me aguento mais?
Mas aumenta a cada instante
A vontade de te amar.
Que a eternidade
nos aguarde;
Pois enquanto ela
durar,
Dura o meu amor por
ti.
Rodrigo Dias
(in: "Poesias de Família")
Comentários
Postar um comentário