Lixo


É lixo!
O papel que embala o sabão que me lava,
Que limpa o meu corpo da minha sujeira;
Embalagem vazia apenas. Inútil…

O panfleto da propaganda ordinária da rua
Em cujo verso eu rascunho minha poesia…
Lixo! Puro lixo!

A garrafa da água que bebo,
Corpo vazio, usado,
Descartável, desprezível!
Lixo!

A sacola do mercado…
Que trouxe minha comida…
Agora carrega meus restos!
Jogo na rua; sem pudor, sem gratidão,
Sem consideração…

Que os cachorros a rasguem
E espalhem meus restos!
Pedaços de mim por todo canto…
Como se eu fosse nada senão
Um monte acumulado de lixo.


Rodrigo Dias

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