Sou

Sou o brilho de um sorriso alegre.
E a tristeza do obscuro pranto.
Sou o frio eterno de um inverno incessante.
Sou o calor abrasador do verão escaldante.
Sou o saber sem nada entender.
E o vazio sábio do silêncio resoluto.
Sou a melodia de um sussurro inquieto que não desaparece ao fim da música.
A surdez ouvinte do músico corriqueiro.
Sei apenas nada saber.
Sei ser contrária sendo de acordo.
E ser sensata vivendo a loucura.
Sou a falta de bom senso num mundo experiente.
A néscia inteligente de um casulo oculto.
E a imperfeição vil no mundo perfeito.
Sou o sonho do eterno amor ardente.
E a volúpia do desejo implacável.
O Yng e o Yang.
De uma paz guerrilheira.
E da guerra pacífica.
Sou a vitoriosa estratégia da reticência.
A causa de a alvorada findar ao início do zênite.
Na volta para casa numa estrada sem fim.
A ilusão na realidade.
E as letras eternas de palavras esquecidas.
Num século perdido de uma era desconhecida.
Sou apenas eu sendo como sou sem ser nada além de mim.

Cecilia Medeiros

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