Que Nada me Roube o Prazer de Apenas Ser
Não
me roube o prazer de ser corpo, apenas.
Não
me censure o prazer de palavra, poema.
Não
me prive das delícias de amar em silêncio.
Não
amarre minhas mãos ao ver que faço e não penso.
Há
tempo, há o ensejo, há o privilégio, há epifanias.
Há
o momento de segurar a pena, e o de ter a espada.
Há
vontade de sumir no deserto, ou apreciar a maresia.
Há
o feio que te anima e o mais belo que só enfada.
Para
tudo há medida, há regra e contenção.
Para
tudo há um preço, um certo valor.
Só
não venha medir-me a alma e o coração.
Esses
sabem ser delicados como o beija-flor,
Mas
em geral são indomáveis como o dragão
Marcelo Souza
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